Um no cravo e outro na ferradura...
Considerando a vasta oferta de bons restaurantes em São Paulo, tentamos sempre conhecer novas casas, repetindo apenas aquelas que nos são muito especiais. Muitas vezes essa prática rende boas experiências e outras, arrependimento.
Depois de muita exploração gastronômica, nossa conclusão é que, de forma geral, a gastronomia em São Paulo avançou muito em anos recentes. Os clientes ficaram mais exigentes. Alguns restaurantes tradicionais continuam repletos porque servem comida tradicional de muita qualidade. Outros continuam servindo a mesma comida mediana que serviam há 20 anos, atendendo aqueles que se acostumaram com o local e não estão inclinados a mudar. Vão acabar fechando, mais cedo ou mais tarde. Lembro que na década de 80 freqüentava com alguns amigos uma cantina no bairro do Paraíso, o Sesto. Minha lembrança é que era muito boa. Coisa de três anos atrás, buscando um jantar simples e barato, aportamos por lá. Pense em arrependimento. O meu nhoque estava azedo e foi devolvido. A massa que pedi em substituição não era digna de uma cantina de São Paulo. O prato da Érica também foi medíocre. Saímos totalmente frustrados.
Mas vou falar de dois restaurantes que visitamos recentemente, um que deixou saudades e o outro, indiferença.
No cravo....
A exploração gastronômica em São Paulo tem suas recompensas. Há dez dias fomos ao Chez Victor Brasserie, na Barra Funda. O local tem toda uma história, que não vou repetir aqui, já que é contada no site do restaurante.
O que interessa é que servem comida de qualidade a preços extremamente atraentes.
Chegamos tarde, sem reservas. O pessoal que nos recebeu foi muito atencioso e simpático, prontamente nos encaminhando para uma mesa. Como era tarde, havia várias. Primeira boa surpresa: a área de não fumantes é mais ampla e melhor que a dos fumantes. Ponto a favor. Segunda boa surpresa: a carta de vinhos listava, basicamente, vinhos da Mistral, a preços bem justos. Confirma o que comentei em um post anterior.
Começamos com uma entrada de Envoltine d’aubergine au fromage, rolinhos de fina berinjela em volta de um excelente queijo. Em seguida, pedimos, os dois, Entrecote grelhado com trilogia de cogumelos ao chimi churi. Para acompanhar, um potente Catena Malbec. Devo dizer que foi a melhor carne que comi em muito tempo. Gosto muito deste corte pelo seu sabor, apesar de, às vezes, ter muitas nervuras. Nesse caso, a carne estava muito tenra e saborosa, preparada exatamente como pedimos, ao ponto. Os cogumelos (Paris, shitake, shimeji) combinaram perfeitamente com a carne e com o tempero do chimi churi. A porção também foi perfeita, sem o exagero que eu temia.
Para sobremesa, a Érica pediu uma torta de maça com sorvete de baunilha, e eu crepes Suzette. Ambas estavam saborosas e delicadas, à altura dos pratos anteriores.
O cardápio ainda tinha uma série de outras sugestões muito interessantes, que teremos de provar em visitas futuras, como a polenta com camembert em leito de tomate (antepasto), filet de linguado com molho de maracujá e gengibre e risotto de palmito (até para comparar com o meu, do Dia das Mães) e o duo de brulées (grenadine e hortelã).
No final, mais uma boa surpresa: a conta foi muito razoável para a qualidade da comida degustada e a proposta da casa. Voltaremos muitas vezes.
...na ferradura.
Nesse espírito de conhecer o novo, no dia em que voltamos de viagem (que será motivo de vários posts futuros) resolvemos conhecer uma cantina nova. Procuramos algo relativamente perto, com preços de cantina e, claro, que não conhecêssemos. Acabamos indo parar na Cantina Abruzzi, nas Perdizes. Fica instalada em uma antiga casa residencial, bastante ampla, mas com salões de áreas variadas. Ao entrar, vimos uma mesa disponível no salão da frente, que dava para um jardim. Gostamos. Contudo, ao perguntarmos, fomos informados que era área de fumantes. A área de não fumantes, minúscula e apertada, estava repleta. O atencioso garçom nos colocou em outra área de fumantes, menor, que estava vazia, e prometeu não colocar nenhuma mesa fumante ali. Mais um restaurante que privilegia os fumantes em detrimento dos não fumantes – coisa que já abordei em posts anteriores. De qualquer forma, escolhemos três pratos, eu uma lasanha e Érica e Leo um prato do dia, massa recheada com vitela ao molho, branco, acredito. Quis acompanhar com uma taça de vinho, mas havia apenas dois vinhos em taça, um italiano e outro chileno. O segundo era um Tarapacá, da linha mais básica daquela excelente vinícola. Fiquei assustado com o preço: R$ 15.00, provavelmente o que pagam pela garrafa inteira. Chegando de uma série de extraordinárias experiências enófilas, declinei a oferta. Os pratos do dia estavam bons, o que se espera de uma cantina, mas caros demais para este tipo de estabelecimento. A minha lasanha estava indiferente, nadando em molho branco e queijo. Acredito, sem falsa modéstia, que as minhas são muito melhores. A oferta de sobremesas era a de sempre (sim, vocês sabem quais); acabamos comendo a sobremesa em outro lugar.
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