domingo, 27 de junho de 2010

Sopinha para uma noite de inverno

Esta sopa usa o mesmo princípio da sopa de batatas com alho-poró. É absurdamente fácil e rápida de ser feita. Tenho usado ervilhas congeladas, que são muito práticas, saborosas e nada caras. Normalmente, deixo as batatas cozinhando no caldo, em fogo bem baixo, e vou fazer outra coisa. Depois de algum tempo, desligo o fogo, pico e frito o bacon e as cebolas, bato o creme e acrescento as ervilhas, o bacon e as cebolas fritas. Fica ótimo para uma noite de inverno.

Sopa de batatas, ervilhas e bacon
(8 porções)


Ingredientes:
  • Batatas, 4 grandes
  • Ervilhas congeladas, um pacote de 300 g
  • Bacon picado, 100 g
  • Cebolas picadas, 2 grandes
  • Caldo de galinha (caseiro ou Nestlé), 1 litro
  • Sal e pimenta do reino, o quanto basta
  • Alecrim, algumas folhas

Modo de fazer:
  • Descascar, picar e cozinhar as batatas no caldo de galinha, temperando com sal e pimenta.
  • Quando estiverem desmanchando, bater para formar um creme.
  • Em uma frigideira anti-aderente, fritar o bacon até que este esteja quase crocante, e adicionar a cebola picada (pode ser picada em pedaços um pouco maiores, do tamanho das ervilhas.
  • Quando a cebola estiver dourada, combinar com o creme de batatas e acrescentar as ervilhas e o alecrim (cuidado para não exagerar), deixando tudo cozinhar por alguns minutos.
  • Servir.

sábado, 26 de junho de 2010

Risotto a quatro mãos

Diferentemente de outras receitas postadas aqui no blog, algumas das quais vêm de livros, outras criações minhas, esta foi criação e execução conjunta, Érica e eu. Ela sugeriu alguns ingredientes, eu outros; fiz a primeira parte e ela a segunda. Foi inspirada de longe nas comidas que apreciamos no Acrópoles. Adoramos o tempero daquele lugar e me parece que usam muito canela, cravo, etc. O tahine foi por minha conta. Fez bastante sucesso e não teve para quem quis. Próxima vez teremos de dobrar a receita. Na verdade, o risotto acabou tão rápido que nem deu tempo de tirar a tradicional foto...

Risotto a quatro mãos

Ingredientes:
  • Arroz Arbório, 3 xícaras
  • Caldo de galinha (caseiro ou Nestlé), aprox. 1 1/2 litro
  • Lula, limpa e cortada em rodelas, 500 g
  • Tomate pelado, 1 lata
  • Queijo tipo parmesão ralado, 2 xícaras
  • Cebolas, 4 médias
  • Alho, 3 dentes
  • Azeite de oliva, 4 colheres sopa
  • Açúcar, 1 colher sopa
  • Sal, a gosto
  • Tahine, a gosto
  • Noz moscada, a gosto
  • Canela moída, a gosto
    Cravo moído, a gosto

Modo de fazer:
  • Cortar metade das cebolas em rodelas e refogar em metade do azeite.
  • Picar o alho e acrescentar.
  • Acrescentar a lata de tomates, já picados.
  • Temperar com açúcar, sal, tahine, noz moscada, canela moída e cravo moído e deixar apurar por alguns minutos.
  • Acrescentar a lula (bem lavada, claro) e deixar ferver lentamente por 10-15 minutos. Não cozinhar por muito tempo para não enrijecer a lula. Reservar.
  • Picar finamente o restante das cebolas e refogar no restante do azeite.
  • Acrescentar o arroz, refogar por alguns minutos e acrescentar o caldo aos poucos.
  • Quando o arroz estiver quase al dente, acrescentar as lulas no molho de tomate.
  • Incorporar bem, acabar de cozinhar, acrescentar o queijo ralado e servir antes que passe do ponto.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Risotto de aspargos e prosciutto

Posso dizer que esta receita é criação minha, feita a partir de ingredientes, combinações e técnicas que já deram certo. No livro de Giuliano Hazan, há uma receita de massa cujo molho usa aspargos, prosciutto e creme de leite, entre outros ingredientes. Usei a combinação dos dois primeiros ingredientes para criar o risotto abaixo. É fácil de fazer e muito gostoso. O caldo usado para cozinhar os aspargos fornece uma excelente base para o risotto. Serve quatro pessoas quando for prato principal e seis pessoas quando for acompanhamento.


 Risotto de aspargos com prosciutto

Ingredientes
  • Arroz carnaroli, 2 xícaras
  • Aspargos peruanos, 1 dúzia
  • Cebolas picadas, 2 médias
  • Manteiga, 15 gr
  • Caldo de aves ou vitela (caseiro ou Nestlé), 1 1/2 litro
  • Prosciutto em fatias finas, 50 gr
  • Parmesão ralado (na hora), 100 gr
  • Sal e pimenta do reino branca, a gosto

Modo de fazer
  • Lavar os aspargos e remover e descartar as partes mais duras. Separar também as pontas.
  • Cozinhar os aspargos no caldo de aves ou vitela até ficarem tenros. Acrescentar as pontas ao final do cozimento, para que não fiquem moles demais. Acerte o sal e a pimente nesta etapa, no caldo.
  • Enquanto os aspargos estiverem cozinhando, espalhe as fatias do prosciutto em uma assadeira e coloque em forno médio, até ficarem crocantes (mas não queimadas!).
  • Remover os aspargos do caldo e cortá-los em seções de 1 cm, reservando-os. Reservar também o caldo (esse é o segredo deste risotto - o caldo).
  • Quando o prosciutto estiver crocante, tirar do forno, deixar esfriar e picar.
  • Aquecer a manteiga e refocar a cebola até dourar ligeiramente.
  • Acrescentar o arroz Carnaroli e refogar por mais alguns minutos.
  • Preparar o risotto usando o caldo de aves/vitela com sabor de aspargos.
  • Quando o risotto estiver quase pronto, acrescente as seções de aspargos e misture delicadamente, para não desmanchar os aspargos.
  • Quando estiver pronto, acrescente o parmessão ralado.
  • Servir no prato, salpicando o prosciutto picado e crocante por cima e decorando com as pontas dos aspargos (não foi o que eu fiz na foto acima, mas posso garantir que esta sugestão fica melhor).

quarta-feira, 24 de março de 2010

Insalata di bosco

Esta é mais uma receita do excelente livro de Silvia Percussi. Como não podia deixar de ser, fiz uma pequena alteração. Na receita original, a autora pede duas colheres de sopa de avelãs tostadas e picadas. Eu as substitui por fatias finas de prosciutto (pode ser Sadia) assadas no forno e picadas. Além de muito saborosa, a salada tem uma apresentação que definitivamente "faz preza". É uma ótima entrada para um jantar de verão.

Insalada di bosco
(para quatro pessoas)

Ingredientes:
  • Rúcula de primeiro corte, 4 xícaras
  • Hiratake orgânico, 100 gr
  • Shimeji orgânico, 150 gr
  • Azeite de oliva, a gosto
  • Alho amassado, 1 dente
  • Sal, a gosto
  • Cebolinha francesa, a gosto
  • Tomilho fresco, a gosto
  • Vinagre balsâmico, a gosto
  • Massa para pastel, 1 rolo pequeno
  • Prosciutto fatiado fino, 100 gr
  • Queijo parmesão em lascas grossas, a gosto

Modo de fazer:
  • Recorte quadrados da massa de pastel (dessas que a gente compra nas bancas de pastel de feira, aqui em São Paulo) e os coloque para assar dentro de algum recipiente refratário individual. De preferência, use alguma tigela que você possa levar à mesa depois com a salada.
  • Aproveite o forno e asse as fatias de prosciutto em uma assadeira. Deixe até ficar crocante. Tire do forno, esfrie e pique grosseiramente (você verá que ele se esfarela naturalmente).
  • Lave a rúcula em água corrente, deixe escorrer e as seque.
  • Limpe os cogumelos (não os lave, pois absorvem água), pique-os grosseiramente, e os deixe marinando por uma hora em uma emulsão de azeite, alho, sal, cebolinha e tomilho frescos. 
  • Em seguida, grelhe os cogumelos em uma frigideira de ferro, mexendo sempre, cuidando para que não queimem ou ressequem.
  • Faça um molho com o azeite, vinagre balsâmico e sal.
  • Sirva nas cestinhas de massa assada, dispondo a rúcula com o molho acima, os cogumelos grelhados, o prosciutto e o parmesão. Coloque apenas a quantidade suficiente de proscuitto e parmesão para dar um toque mais interessante à salada. Não exagere para não matar o gosto delicado dos cogumelos.

A importância da "preza"

Faz alguns anos, em um sábado de manhã, estávamos Érica e eu fazendo compras na Casa Flora. Eu estava em meio à laboriosa tarefa de achar vinhos com bom custo benefício, e ao nosso lado havia três outros clientes. Era um jovem casal de noivos e a mãe da noiva. Pelo que entendemos, estavam comprando bebidas para a festa do casamento. A maior interessada parecia ser a mãe. A noiva estava com um ar ligeiramente vago. Já o noivo gostaria de estar em qualquer lugar, exceto ali na Casa Flora.(jogando futebol, na praia com os amigos, bebendo cerveja no boteco, qualquer coisa). A certa altura, a mãe pergunta ao futuro genro quais de dois espumantes ele preferia. Penso que era um nacional e outro francês. Tirado do seu estupor, o genro apenas retrucou que preferia o francês (certamente não era ele que estava pagando), acrescentando "Faz mais preza", querendo dizer que o francês faria mais presença, impressionaria mais os convidados.
Adoramos a expressão e a incorporamos ao nosso vocabulário.
Agora, sempre que queremos impressionar algum convidado -- ou vítima -- de nossas experiências culinárias, optamos pela alternativa que "faz mais preza".

Astrid & Gaston Santiago - cena

Inspirados pelo almoço que tivemos, voltamos no dia seguinte para o nosso jantar. Dessa vez, optamos pelo menu degustação, que foi uma excelente escolha. Foram duas entradas frias, duas entradas quentes (as quatro servidas juntas), três pratos principais e duas postres. Tudo é pouco, apenas para degustar, mas suficiente. Mais seria exagero.
Uma coisa que me impressionou muito foi o timing do serviço. A orquestração entre o salão e a cozinha foi perfeita, porque alguns minutos depois de termos terminado um prato, lá vinha o seguinte. Nada foi atropelado e nunca tivemos de esperar com cara de fome. É o tipo de profissionalismo que impressiona e deixa a gente mal acostumado.
Quanto ao vinho, descartei pedir uma garrafa de vinho inteira para os dois, porque dificilmente um só vinho, por melhor que fosse, combinaria com tantos pratos diferentes. Perguntei ao sommelier se não poderíamos dividir uma taça de vinho com cada prato (seriam cinco, no total). Ele aceitou e trouxe as cinco (na verdade 10, porque gentilmente já trazia cada taça dividida). A idéia não poderia ter sido melhor, porque ele trouxe vinhos excelentes, que combinavam perfeitamente com cada prato, alguns com custo bem abaixo do que eu mesmo teria escolhido. Um modelo de profissionalismo: competente e honesto. Quando voltamos, mandei um e-mail sugerindo que essa prática (menu degustação com acompanhamento de vinho) fosse incorporada ao cardápio.
Fizemos apenas uma alteração. As duas sobremeses sugeridas (suspiro a la limeña e arroz con leche) não nos atrairam e pedimos a torta de maçã (sim, aquela) e e soufflé de chococo. Divinos! Seguem as fotos dos pratos; as fotos sendo noturnas, não ficaram tão boas quanto as do almoço. E não me lembro do nome de todos os pratos.
  • Quatro entradas:

  • Primeiro prato principal:

  • Segundo prato principal:

  • Terceiro prato principal: 

  • Postres:
Saldo:  Jantar no Astrid & Gastón é uma experiência única. Tudo é voltado à experiência gastronômica do comensal. Não há requintes decorativos, apenas um salão confortável. A comida é extraordinária e o atendimento exemplar. A nossa única experiência que superou o Astrid & Gastón (tanto em Santiago quanto em Lima) foi o Dining Room do Ritz Carlton, em San Francisco, mas a um custo consideravelmente superior.

terça-feira, 23 de março de 2010

Astrid & Gaston Santiago - almuerzo

Sem dúvida, o motivo especial de nossa ida a Santiago foi a ida ao Astrid & Gaston. Já havíamos ido à casa principal, em Lima, e ficamos impressionados com a qualidade da cozinha. Tudo é muito bom. Em Lima, fomos jantar duas vezes. Em Santiago, tivemos um almoço e um jantar (em dias diferentes, claro).
Em Santiago, eles ficam em um discreto sobrado de uma tranquila rua no bairro de Providência. Em Lima também estão instalados em uma casa bem discreta. Pelo visto, valorizam mais a comida que as aparências. Decoradores e arquitetos da moda não têm vez lá.
Fizemos as reservas por telefone, daqui mesmo do Brasil. Não foram necessárias para o almoço, porque havia algumas mesas vagas. Já para o jantar, foram essenciais.
Tanto no almoço como no jantar, o couvert foi por conta da casa (anotem, restaurantes paulistanos!).
Para o almoço, não pedimos entrada, apenas os dois pratos principais. Limitado que sou na minha prosa, não vou sequer tentar descrever a experiência gastronômica. Mas posso garantir que foi boa. A Érica pediu Corvina a lo macho andino (não tem nada a ver com a corvina brasileira) e eu um Cabrito adobado (ensopado). Seguem fotos, na ordem:

Para sobremesa, pedimos Fina tarta de manzana horneada al momento con helado e Esfera de chocolate derretida con compota. No segundo caso, ao servir a sobremesa, o garçom joga uma calda quente por cima de esfera de chocolate, que se derrete para revelar o delicioso recheio. Ao chegar, a sobremesa é linda, com uma linda e apetitosa bola de chocolate. Por falha minha, fiz a foto apenas depois que o garçom jogou a calda quente e derreteu a tal bola. A sobremesa estava mais bonita antes... Mas seguem as fotos, na ordem:

Pedimos cada um uma taça de vinho para acompanhar, não me lembro quais - mas lembro que eram deliciosos.
Tanto a pessoa que fez as reservas como a recepcionista foram muito simpáticas, sem serem afetadas ou snobes. É uma das coisas que gosto no Chile, os profissionais do turismo são atenciosos sem serem subservientes ou arrogantes.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Fettucini com prosciutto e abobrinha

Depois de algum tempo fazendo outras coisas, redescobri as massas. Esta é uma receita que criei juntando duas outras do livro de Giuliano Hazan. Após olhar na geladeira e fazer um levantamento do que tínhamos, busquei algo que se adequasse naquele livro de receitas. Esta receita é super rápida de preparar, praticamente o tempo de cozimento do fettucini. É ótima quando se quer comer algo gostoso sem gastar uma fortuna ou ficar um tempão na cozinha. Usei o prosciutto especial da Sadia, que não é dos melhores para ser comido com melão ou figo ou em um sanduíche, mas para culinária é ótimo, até por ser menos sutil e um pouco salgado. Também usei um mandolim para preparar a abobrinha em julienne. Mais prático impossível.

Fettucini com prosciutto e abobrinha (para quatro ou cinco pessoas)
Ingredientes:
  • Fettucini, 500 gr
  • Manteiga, 50 gr
  • Cebola em tiras longitudinais finas, 1 grande
  • Prosciutto em tiras finas, 100 gr
  • Abobrinha em julienne, 1 grande ou 2 pequenas
  • Creme de leite (pode ser em Tetrapack), 200 ml
  • Alecrim, a gosto
  • Sal e pimenta do reino branca, a gosto
  • Queijo parmesão ralado grosso, a gosto
Modo de preparo:
  • Aquecer a água para cozinhar o fettucini.
  • Em uma panela de saltear, aquecer a manteiga e dourar a cebola, já com o alecrim.
  • Acrescentar o prosciutto e saltear por alguns minutos.
  • Juntar a abobrinha e refogar por alguns segundos, apenas para ficar revestida da manteiga e dos temperos.
  • Acrescentar o creme de leite e manter no fogo até ficar quente.
  • Reservar.
  • Juntar a massa cozida, misturar delicadamente, e servir com parmesão.

sexta-feira, 19 de março de 2010

La Mar Santiago

Tendo visitado o La Mar de Lima e o de São Paulo, não poderíamos deixar de ir ao de Santiago, em nossa recente visita à aquela capital. Em poucas palavras, as três casas podem ser descritas da seguinte forma:
  • La Mar Lima: extraordinários pescados e ingredientes, bons preços, oferta mediana de vinhos;
  • La Mar São Paulo: bons pescados, preços caros, oferta mediana de vinhos;
  • La Mar Santiago: extraordinários pescados, bons preços, excelente oferta de vinhos.
Temo dizer que o nosso La Mar em São Paulo não consegue concorrer com os outros dois. Não há como nós aqui competirmos com os pescados do Pacífico ou os vinhos chilenos. Paciência. Em Santiago, a carta de vinhos trazia nada menos que 42 sauvignon blanc, nove dos quais eram oferecidos em taças (veja a lista abaixo - o mais fraquinho era o Casillero del Diablo, nosso velho conhecido). O ambiente é informal (dentro dos padrões chilenos, claro) e o serviço, apesar de informal, é muito eficiente. Abaixo estão algumas fotos dos pratos que degustamos nas nossas duas idas ao La Mar.
  • Causa mixta:
  • Degustación de cebiche:
  • Tiradito nikkei:
  • Arroz norteño:
  • Arroz chaufa:
  • Mero macerado:

  • Chocolate soufflé:
  • E la pièce de résistance, tres leches:
 Sauvignon blanc em taças no La Mar (ai que saudade...):
  • concha y toro casillero del diablo central
  • amaral reserva leyda
  • william cole alto vuelo casablanca
  • casablanca nimbus single vineyard casablanca
  • veramonte reserva casablanca
  • casa silva reserva central
  • conosur visión casablanca
  • garcés silva amayna leyda
  • concha y toro terrunyo casablanca

Carne de fumeiro

Em fevereiro, tivemos a visita do nosso caro amigo Eduardo, doutor em psicologia e epicúrio que atualmente mora em Aracaju. Sabendo da nossa apreciação por boa comida e bons ingredientes, ele nos trouxe algo que eu não havia provado ainda, carne de fumeiro, que é uma carne de porco defumada. Lembra um pouco um bom presunto defumado, mas tem personalidade própria muito interessante. A receita abaixo é uma sugestão de Eduardo ("sugestão de preparo" como diriam os rótulos de alimentos), mas incluí a mandioca. O processo é absurdamente simples, mas o resultado, pela qualidade da carne, ficou excelente.

Carne de fumeiro com mandioca (seis pessoas)
Ingredientes:
  • Carne de fumeiro, em tiras de 1-2 cm de largura, aprox. 600 gr
  • Mandioca cozida, aprox. 1 kg
  • Cebola fatiadas finas, 4-5 grandes
  • Manteiga, aprox. 80 gr
Modo de preparo:
  • Refogar as cebolas na manteiga até dourarem.
  • Dispor a mandioca em um refratário, distribuindo a carne sobre a mandioca.
  • Colocar a cebola refogada sobre o restante dos ingredientes, distribuindo bem.
  • Assar no forno médio por 30-4o minutos.
  • Servir.

Tagliatelle em dois tempos

Inspirado pelo recente post "Penne em dois tempos", seguem duas receitas de tagliatelle. A primeira é resultado de uma visita que fizemos a um produtor de shiitakes, Iwao Ikamatsu, acompanhando nosso amigo Eduardo, que o conhece de longa data. A interessantíssima visita nos rendeu duas bandejas de shiitakes orgânicos de primeira qualidade, que mereceram uma receita pinçada do ótimo livro de Silvia Percussi. No livro, a sugestão é usar portobello, mas os shiitakes ficaram ótimos.A segunda foi uma criação minha, baseada em uma vaga lembrança que tenho de um linguine al mare de um restaurante no qual trabalhei em Santa Cruz, na Califórnia. A norma pede que peixe ao creme de leite seja acompanhado de chardonnay. Como não tínhamos, usei na receita e servi à mesa um delicado sauvignon blanc chileno, Nimbus, da Viña Casablanca. Surpreendentemente, ficou ótimo, precisaria ser um chardonnay de excelente linhagem para superar.

Tagliatelle al funghi (quatro ou cinco pessoas)
Ingredientes:
  • Tagliatelle, 500 gr
  • Shiitake fresco fatiado, pequenos ou médios, 2 bandejas
  • Alho, 2 dentes
  • Azeite, 2 colheres sopa
  • Berinjelas japonesas, 2 pequenas ou 1 grande
  • Tomate pelado, 1 lata
  • Nirá, 12 hastes, picadas em segmentos de 5 cm
  • Queijo parmesão ou pecorino, ralado grosso, a gosto
  • Sal e pimenta, a gosto
Modo de fazer:
  • Aquecer a água da massa.
  • Cozinhar os dentes de alho com casca em água fervente por 10 minutos.
  • Descascar e picar grosseiramente o alho, salteando-o em azeite em uma panela de saltear.
  • Acrescentar a berinjela e, quando estiver macia, incorporar os tomates, grosseiramente picados, cuidando para que não se desmanchem.
  • Juntar os shiitake e o nirá.
  • Acertar o sal e a pimenta.
  • Juntar a massa al dente - cuidado, não deixe passar!
  • Servir com queijo ralado grosso.
Tagliatelle nero de sepia (quatro ou cinco pessoas)
Ingredientes:
  • Tagliatelle nero de sepia, 500 gr
  • Sauvignon blanc, 250 ml
  • Creme de leite fresco, 500 ml
  • Parmesão ralado, 200 gr
  • Filé de peixe firme, como badejo ou linguado, em cubinhos pequenos, 300 gr
  • Raspas de limão siciliano, aprox. 3/4 da casca
  • Sal e pimenta do reino branca, a gosto
Modo de fazer:
  • Aquecer a água da massa.
  • Em uma panela de saltear, aquecer o vinho e o creme de leite, reduzindo até a metade, mais ou menos.
  • Acrescentar parte do parmesão, para dar mais corpo ao molho, só um pouco.
  • Juntar o peixe e cozinhar rapidamente - cuidado para não passar do ponto!
  • Adicionar e ajustar o sal e a pimenta branca.
  • Acrescentar as raspinhas de limão e reservar por alguns minutos.
  • Assim que a massa estive al dente - mesmo - junto ao molho, misture delicadamente e sirva.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Pinpilinpausha

Fomos, pela segunda vez, ao Pinpilinpausha (http://www.pinpilinpausha.cl/- quer dizer borboleta em basco), um restaurante espanhol/basco na Isidora Goyenechea, bem próximo ao hotel que ficamos. Da outra vez que fomos, penso em 2006, comemos o Ojo de bife en la salsa a las 3pimientas, muito saboroso, acompanhado de um robusto tinto. Desta vez, optei pelo Salmón Isodora (finas escalopas de salmón en salsa de champiñones), que estava uma delícia. Não me lembro do acompanhamento, de tão divino que estava o salmão. Para acompanhar, uma taça de chardonnay Tabali, também muito bom. A Érica preferiu o mesmo ojo de bife, com batatas cozidas e vagens, sem vinho. A carne veio suculenta e saborosa, em porção extremamente generosa. Pelo tamanho das porções servidas no Pinpilinpausha, as entradas são totalmente dispensáveis, exceto se o prato principal for dividido. Os preços são bastante razoáveis, penso (o meu salmão foi R$ 31 - não sei onde em SP poderíamos comer um salmão dessa qualidade a esse preço). Já sabendo da generosidade das porções, para sobremesa escolhemos o mousse de 3 chocolates, que já havíamos provado (e aprovado) da outra vez. Penso que o arroz a la valenciana que servem deve ser muito bom, mas tem de ser no mínimo para duas pessoas. Talvez no futuro.

domingo, 10 de janeiro de 2010

El Mondo del Vino

A menos de duas quadras do nosso hotel havia uma tienda da rede El Mondo del Vino. Como disse, o hotel tem excelente localização. No penúltimo dia, fui até lá para comprar algumas garrafas para trazer de volta. Seria melhor ter deixado para o último dia, para acrescentar mais experiência à compra. Em cada almoço ou jantar, degustávamos algumas copas de vinho, a maioria muito boa. Mas como o último dia era 31 de dezembro, com horário de funcionamento incerto, acabei antecipando a compra. Comprei cinco garrafas (deveria ter comprado mais...) que serão descritas conforme forem degustadas. Achei curioso que a rede não vende Undurraga, não sei se porque a marca é vendida em supermercados ou por outro motivo. Também não vende Santa Ema, que produz alguns dos melhores vinhos que já degustei no Chile. Uma pena. A loja que fui, da Isidora Goyenechea, é imensa, com uma vasta seleção. Pessoalmente, teria preferido achar uma loja menor, com vinhos mais especializados e com o próprio dono atendendo. Embora tenha feito uma rápida pesquisa não achei tal loja, fica para uma próxima vez. De qualquer forma, a garota que me atendeu na El Mondo del Vino parecia entender bem e tinha opiniões muito formadas sobre vinho. Minhas compras foram baseadas em suas sugestões e nas classificações da Guia de Vinos de Chile. Vamos ver no que dá.

Viña Undurraga

Em três viagens anteriores ao Chile, conhecemos apenas uma vinícola, a Balduzzi. Embora interessante, foi rápida e descompromissada, pois era gratuita e sem horário agendado. Desta feita, apreciadores de vinhos que somos, resolvemos fazer a coisa certa. Segundo o TripAdvisor, a melhor visita era a da Viña Undurraga, que precisava ser agendada de antemão e custa 7.000 pesos. Agendei por por telefone e no dia pegamos o "small green bus" na rodoviária central, partindo para Talagante, no caminho para a qual está a viña. Havia duas visitas guiadas no horário agendado, uma em espanhol e outra em inglês. Acabamos fazendo a em inglês, porque tinha menos pessoas, apenas uma família de americanos. Victor Hugo, nosso guia, foi ótimo. Brincalhão como costumam ser esses guias, foi muito informativo, tanto dos aspectos gerais do Chile, quanto do cultivo das uvas e processo de fermentação dos vinhos. Todas as dúvidas que tive foram bem respondidas. Terminada a visita, pudemos degustar quatro vinhos diferentes, de categoria reserva. Um, um sauvignon blanc reserva especial, foi muito bom. Os dois tintos foram razoáveis (apenas) e um espumante foi indiferente (demasiadamente doce). Ao final, pudemos ficar com as taças de degustação, tipo ISO e muito bonitas. Como os preços dos vinhos lá são cerca de 20% menores que nas tiendas especializadas, compramos dois, o sauvignon blanc que gostamos (T.H., que é a terceira melhor linha, das 14 produzidas) e um cabernet sauvignon (Founder's Collection, a segunda melhor linha; a primeira linha, Altazor, é cara demais para nós). Quando degustarmos qualquer um dois dois, vou postar os resultados.

Santiago

Este final de ano, passamos quatro dias em Santiago do Chile. Viajamos com a milhagem acumulada da TAM, o que acabou fazendo que nossa viagem ficasse mais barata que uma ida ao Guarujá para o Ano Novo. Não preciso dizer que o objetivo principal da ida foi comida e vinhos. Embora breve, o tempo foi bem aproveitado. Ficamos no ótimo Atton El Bosque e passeamos pela região, que é bem elegante. Um dia fomos ao conhecido shopping Alto Las Condes e outro fomos a uma atração turística relativamente nova, o Pueblito Los Dominicos, que consiste em uma vila de lojinhas de artesanato, muito interessante. Quanto à parte enogastronômica, que é o que interessa, visitamos a Viña Undurraga e fomos duas vezes ao La Mar e ao Astrid y Gaston, além de voltar ao Pinpilinpausha, e conhecer o Puerto Fuy e o Cuerovaca. Nos próximos posts, vou falar um pouco mais sobre cada um. Quanto às compras enogastronômicas, trouxemos apenas sete excelentes garrafas de vinho e alguns potes de mel, incluindo o meu velho preferido, miel de ulmo, e outras preciosidades, como mel da Patagônia (levíssimo e delicadíssimo) e mel da florada do deserto, que acontece apenas a cada tantos anos. Foi uma viagem breve, mas extremamente prazeirosa. Aproveitamos cada dia e retornamos a SP com a vontade de voltar a Santiago para continuar as explorações enogastronômicas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Penne em dois tempos

As duas receitas abaixo são baseadas em dois bons livros de receita. Um é mais tradicional, Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, de Marcella Hazan. É um compêndio que inclui massas, carnes, saladas e até sobremesas. Confesso que o sub-utilizo. Muito mais usado foi um livro de receitas que o filho dela, Giuliano Hazan, escreveu apenas sobre massas. Quando eu estava na fase de massas, preparei inúmeras receitas do livro do Giuliano, todas com sucesso. Já a segunda receita é de um livro bem recente, Menu di Funghi, de Silvia Percussi, publicado este ano. Eu o vi na Livraria Cultura e fiquei atraído (apesar dos muitos outros livros de receitas que já tenho) porque é de uma chef local e versa sobre ingredientes que gosto (funghi) e disponíveis localmente. Isso faz muita diferença, porque, para dar um exemplo, livros de receita franceses invariavelmente pedem chalotas, que são difíceis de serem encontradas aqui e acabam sendo substituídas. São receitas mais inovadoras e que fizeram sucesso aqui em casa. Esta que reproduzo, já é a segunda ou terceira que preparo desse livro. Mas, vamos lá:

Penne com espinafre, ricota e presunto cru (cinco pessoas – do livro de Marcella Hazan)
Ingredientes:
  • Penne rigate, 500 g
  • Espinafre picado congelado, dois pacotes de 300 g
  • Manteiga, 120 g
  • Presunto cru picado, 150 g
  • Ricota fresca de búfala, um pote de 400 g
  • Queijo parmesão ralado, 1 xícara
  • Noz moscada, a gosto
  • Sal e pimenta do reino branca, a gosto
Modo de fazer:
  • Aquecer a água da massa. Cozinhar a pasta até estar al dente e reservar, junto com um pouco da água.
  • Remover o excesso de umidade do espinafre com as mãos.
  • Em uma panela de saltear grande, colocar metade da manteiga e aquecer no fogo médio-alto.
  • Quando a manteiga começar a soltar espuma, acrescentar o presunto cru, refogando-o por alguns minutos.
  • Acrescentar o espinafre e o sal.
  • Saltear o espinafre em fogo algo por alguns minutos.
  • Temperar com a noz moscada e a pimenta branca.
  • Acrescentar a ricota, a pasta já cozida, o restante da manteiga e metade do parmesão ralado. Se estiver um pouco seco, acrescentar um pouco da água do cozimento da pasta.
  • Misturar bem e servir com o restante do parmesão.
Penne com rúcula, presunto cru e shimeji (quatro pessoas – do livro de Silvia Percussi)
Ingredientes:
  • Penne, 500 g
  • Presunto cru, 150 g
  • Azeite, 2 colheres sopa
  • Shimeji, 200 g
  • Vinagre balsâmico, 2 colheres sopa
  • Rúcula de primeiro corte, 2 xícaras
  • Sal e pimenta do reino, a gosto
  • Queijo parmesão ralado, ½ xícara
Modo de fazer:
  • Assar as fatias de presunto cru em um forno pré-aquecido a 180°C, até ficarem crocantes; picar e reservar.
  • Em uma panela de saltear grande, aquecer o azeite e acrescentar o shimeji, o vinagre balsâmico e a rúcula; temperar com sal e pimenta e reservar.
  • Cozinhar o penne al dente. Depois de cozido e escorrido, acrescentar à panela de saltear, com os ingredientes salteados, misturando bem.
  • Passar para um prato de servir, espalhar o presunto cru picado e o parmesão sobre a massa e servir.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Boeuf bourguignon

No inverno sempre dá vontade de cozinhar - e comer - o que se chama de comfort food, uma comida substanciosa e suculenta, perfeita para saborear no conforto da nossa casa, no frio. Neste inverno eu fiz algumas vezes boeuf bourguignon, segundo a receito do Antony Bourdain, acompanhado do purê de batatas do mesmo chef. Embora a combinação mais tradicional peça uma massa, como talharini, com purê fica ótimo, garanto. Fiz algumas alterações (claro), trocando as cenouras que ele recomenda por champignons - igualmente franceses e igualmente deliciosos no ensopado. Invés do bouquet garni que ele também recomenda, fiz variações com estragão e tomilho (na foto acima) e ervas de Provence (na receita abaixo). Assim como na feijoada, o segredo é cozinhar tudo em fogo muito baixo por muito tempo, até a carne desmanchar-se. Já usei vários cortes, entre eles coxão duro, patinho ou paleta. Na minha opinião, o que ficou melhor foi paleta, a carne da espádua do boi, junto do pescoço. Como paleta é carne de segunda, o tempo de cozimento é essencial para que a carne fique tenra.

Boeuf bourguignon (Les Halles)
Ingredientes:
  • Patinho ou paleta, em pedaços de 4 cm, 1½ kg
  • Cebolas grandes, fatias finas, 4
  • Champignons médios ou pequenos, inteiros, ½ kg
  • Azeite de oliva, o suficiente
  • Farinha de trigo, 3 colheres de sopa
  • Vinho tinto seco, de boa qualidade, 2 xícaras
  • Alho amassado, 3 dentes
  • Caldo de carne, caseiro ou Nestlé, o suficiente
  • Sal e pimenta do reino, a gosto
  • Ervas de Provence, uma pitada
Modo de fazer:
  • Temperar a carne com sal e pimenta
  • Na panela em que for cozinhar, refogar a carne aos poucos no azeite, em fogo alto, para selar e dourar; não colocar demais de cada vez para não soltar água; reservar
  • Reduzir o fogo e refogar bem as cebolas e o alho
  • Polvilhar a farinha
  • Acrescentar o vinho
  • Acrescentar os champignons e a carne já refogada
  • Temperar com as ervas de Provence
  • Cobrir com água e caldo de carne, até ficar uns três dedos acima da carne
  • Cozinhar em fogo bem baixo por cerca de quatro horas, até a carne quase desmanchar e o caldo estar bem grosso e suculento – se cozinhar por menos tempo não fica tão bom.
  • Servir
-------------------------------------------------------------------- Purê de Batatas (6-8 pessoas, acompanhamento)
Ingredientes:
  • Batatas, 1 kg (prefira as do tipo Mondial, que desmancham)
  • Creme de leite fresco, 1 xícara
  • Manteiga, 4 colheres de sopa
  • Sal e pimenta do reino branca, a gosto
  • Noz moscada, uma pitada
Modo de fazer:
  • Cozinhar as batatas inteiras, com casca
  • Quando estiverem bem moles, retirar do fogo e descascar; esta parte é crítica – as batatas devem estar frias o suficiente para descascar, mas quentes o suficiente para serem espremidas (quando mais quentes melhor – aí vai da mão de cada um...)
  • Esquentar em outra panela a manteiga e o creme de leite, deixando ferver
  • Espremer a batata aos poucos no creme de leite, batendo sempre com o mexedor, até ficar tudo bem quente (cuidado para não se queimar com as bolhas de purê fervendo!)
  • Temperar com sal, pimenta e noz moscada
  • Servir imediatamente

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Bacalhau à la Niçoise

Esta é uma receita de um livro que ganhei da querida amiga Márcia, Mestre Cuca Larousse. Claro, fiz algumas alterações, como incluir grão de bico, pimentão e ervas de Provence, e eliminar as azeitonas (o povo aqui em casa não gosta... mas quem quiser ponha porque fica bom). É fácil de fazer, faz sucesso e é ótimo para receber os amigos, porque fica no forno até a última hora - dá para ser um anfitrião mais atento. A foto não está lá essas coisas, porque foi tirada com celular (é o que eu tinha à mão).

Bacalhau à la Niçoise (10 porções)
Ingredientes:
  • Bacalhau demolhado em cubos, 1 kg
  • Batatas cozidas, descascadas e cortadas em cubos, 1 kg
  • Grão de bico, 200 gr, cozido
  • Cebolas, duas médias, em cubos
  • Pimentão vermelho, um, em cubos
  • Tomate pelado, duas latas
  • Alho, quatro dentes
  • Azeite de oliva, uma xícara
  • Ervas de Provença
  • Sal e pimenta do reino a gosto
  • Folhas de manjericão fresco, picado grosseiramente
  • Azeitonas pretas, 100 gr (opcional)
Modo de fazer:
  • Com uma pequena parte do azeite, refogar a cebola, o alho e o pimentão
  • Acrescentar o tomate pelado, acrescentar o resto do azeite e temperar com ervas de Provença, sal e pimenta
  • Cozinhar por 15 minutos e reservar
  • Em um refratário grande e fundo, arranje o bacalhau, grão de bico, batatas e azeitonas (opcional)
  • Distribua o molho de tomate por cima dos ingredientes
  • Assar em forno médio-alto por 45 minutos
  • Retirar do forno e salpicar com manjericão fresco picado
  • Servir com arroz branco

Livros de Receitas

Como todo mundo que gosta de cozinhar, tenho muitos livros de receitas, alguns que ganhei de presente, outros que comprei. Alguns viram referência, outros tomam pó na prateleira. Outro dia me perguntei porque suas receitas não são atraentes. Em muitos casos, são básicas demais e não representam um desafio. Olho a receita e penso: "Já fiz melhor". Outras, por outro lado, são difíceis demais, implicando uma lista enorme de ingredientes e processos complexos. Dá preguiça só de olhar a lista de ingredientes. Há também aqueles que as receitas simplesmente não atraem (aves, no meu caso...). Existe até caso de birra pessoal, como para o autor que descreve todas as receitas na primeira pessoa, com um ar de estudada condescendência para os leitores - haja! Entre os livros que viraram referência, há o do Anthony Bourdain, Afinal as Receitas do Les Halles - Nova York. Embora tenha achado o Les Halles Downtown uma experiência mediana, o livro é ótimo. As receitas são interessantes, exigem um certo conhecimento, e sempre funcionam. Já fiz várias especialidades de cozinha francesa que ele traz no livro, todas ótimas. A Érica, inclusive, fez duas deliciosa sobremesas baseadas nesse livro (crème brûlée e charlotte de marrons). Eu, por meu lado, já fiz a sopa de cebolas e a de cogumelos (ambas já postadas), pommes purée e boeuf bourguignon (a serem postadas em breve), brandade de bacalhau, filés com molho ao porto, e gratin dauphinois. Todos deliciosos!

sábado, 28 de março de 2009

Tagliatelle fresco com shitake

Gosto muito de massas frescas, para acompanhar determinadas carnes. A textura leve e macia deste tipo de massa combina bem com carnes mais encorpadas, como a bovina. A dificuldade que sempre tive é que não tenho paciência para fazer a massa fresca em casa, é muito trabalho. As massas compradas em supermercado, frescas e refrigeradas, são aceitáveis, mas precisam de muito molho para não ficarem totalmente coladas. Com isto inventei esta singela receita, que acompanha bem uma carne. Pode ser também uma boa refeição leve e rápida para um domingo à noite. É leve e o caldo dá uma consistência interessante à massa, que não gruda.

Tagliatelle fresco com shitake

(quatro pessoas)

Ingredientes:

  • Tagliatelle fresco, 500 gr
  • Shitake fresco, pequenos ou médios, 1 bandeja
  • Manteiga, 3 colheres sopa
  • Caldo de vitelo, aprox. 2 xícaras
  • Sal e pimenta, a gosto

Modo de fazer:

  • Aquecer a água da massa.
  • Cortar o shitake em tirinhas finas, imitando o tagliatelle.
  • Refogar o shitake na manteiga, até ficar tenro.
  • Acrescentar o caldo de vitelo.
  • Quando a água ferver, acrescentar o tagliatelle e mexer sempre.
  • Escorrer a massa e acrescentar ao shitake com caldo
  • Misturar bem, para a massa e os ingredientes estarem bem combinados.
  • Servir.

De volta...

Após seis meses, estou de volta. Desde junho do ano passado, incorporei à minha rotina diária, na medida do possível, uma caminhada de 45 minutos no Parque Villa-Lobos, aqui perto. Este hábito tem duas vantagens: mantém uma boa condição cardíaca e permite abusar um pouco mais do colestorol e das calorias, sem perder a forma. Mas adotei essa prática em detrimento de outras coisas que fazia, como postar minhas receitas. Não há tempo para tudo, infelizmente. --- Apesar de poucos, parece que há leitores fiéis deste despretensioso blog, que andaram me cobrando mais receitas. Vamos lá.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Viagem à Lima - Parte 2

Seis meses depois da nossa viagem, resolvo publicar mais um post sobre Lima. Fizemos tantas anotações, e as experiências foram tão boas, que eu não gostaria de deixar de comentar pelo menos alguma coisa. Vamos lá. A partir do momento em que decidimos ir a Lima, passamos a consultar blogs de foodies, para ver o que falavam sobre os restaurantes locais. Com base nessa pesquisa, fizemos uma lista de possíveis casas a serem visitadas. A cada almoço e jantar, experimentávamos algo diferente. Entre os lugares que visitamos, estão o Pardo's Chicken, Astrid & Gastón (duas vezes), Toshiro's, Huaca Pucllana, Cebicheria La Mar, José Antonio, Fusión, Cebicheria Pescados Capitales e Brujas de Cachiche. Apesar de toda a competência da culinária limeña, Astrid & Gastón estão em um patamar acima. Aqui no Brasil não temos nada que se aproxime, acredito, nem o D.O.M. (o qual tem grandes méritos, sem dúvida, mas que foi inconsistente em nossa última visita). A qualidade da cozinha do Astrid & Gastón, e de sua cebicheria, La Mar, é extraordinária. Quem sabe ainda escrevo um post com comentários mais detalhados sobre a experiência. Depois destes dois, os melhores, em nossa modesta opinião, foram Fusión, Brujas de Cachiche, Pescados Capitales e Huaca Puclana, nesta ordem. O José Antonio e o Toshiro's foram bons, mas sem grandes destaques (vimos o Toshiro almoçando no La Mar, para terem uma idéia...). O Pardo's Chicken foi honesto e muito bom, dentro de sua proposta de comida simples e despretenciosa. Vamos ver como anda a milhagem da TAM, para voltarmos e degustarmos outras delícias. A foto acima é de uma Causa Mixta, degustada no La Mar. Causas combinam batatas com outros ingredientes. No caso, havia cinco causas, e cinco tipos de batatas, diferentes. Notem o cuidado na apresentação do prato, isto para um restaurante bastante informal, no almoço.

domingo, 7 de setembro de 2008

Pães, etc.

Enquanto minha avó paterna era viva, era ela que fazia os pães para toda a família, no forno a lenha que tinha em seu sítio. Era um pão encorpado e pesado, de pura farinha de trigo integral, que refletia bem o seu modo de vida alemão e de gente que vivia da terra. Era feito para alimentar quem trabalhava duro ao sol o dia inteiro. Nada de frescuras. Foi o que consumimos até ela se ir, e ambos deixaram saudades. Fora seus pães, não me lembro de outra especialidade sua, exceto um pastel cozinho típico da sua região na Alemanha, Baden-Wurttemberg, chamado Maultaschen. Acho que não tinha grande prazer em cozinhar, era mais uma de suas obrigações que ela cumpria sem reclamar. Da mesma forma, sei que minha mãe também não tinha prazer em cozinhar. Hoje tenho consciência que preparava as refeições gostosas e bem equilibradas para os filhos porque sabia da importância da boa alimentação (devo a ela meu gosto pelas frutas), mas era mais uma obrigação que um prazer. Por outro lado, ela gostava muito de fazer bolos e, depois que minha avó se foi, pães. Um bolo que ela fazia particularmente bem era um bolo de laranja ou limão, com uma cobertura de açúcar e limão. Era leve e delicioso, acompanhamento perfeito para o chá ou café da tarde, que ela nunca dispensou. Os seus pães eram diferentes dos feitos pela minha avó, mais leves e combinando farinha de trigo integral e normal. Não tinham grandes segredos, mas eram feitos com muito amor. Com essas lembranças, sempre me senti um pouco frustrado por não saber fazer pães ou bolos. Estabeleci, então, esta meta para este ano. Quanto aos bolos, após uma tentativa de pouco sucesso - não vou entrar neste assunto - consegui preparar um delicioso bolo (talvez torta) de maçãs com blueberries. A receita original, publicada no excelente livro de receitas da Magnolia Bakery (The Magnolia Bakery Cookbook: Old-Fashioned Recipes from New York's Sweetest Bakery, Jennifer Appel e Allysa Torey), pedia peras e framboesas. Como tínhamos excelentes maçãs e blueberries, foi isto que usei e ficou muito bom. Fiz uma segunda vez, com peras, e não ficou tão bom. Quanto aos pães, no Natal passado, a Érica me deu um maravilhoso livro sobre panificação, que mostra todas as técnicas e receitas para os mais variados pães. Umas semanas atrás, tomei coragem e assei meu primeiro pão, um ciabatta, seguindo à risca as instruções do autor. Apesar do trabalho (um sábado e um domingo por conta dessa operação), o resultado ficou muito bom, como podem ver pela foto. Fiquei felicíssimo de ter superado mais esta barreira. Meu próximo pão será algo como a minha avó fazia. Não o fiz ainda porque exige certa disponibilidade de tempo, assim como o ciabatta. Cada processo individual não demora muito, mas são necessárias várias etapas para fermentação do pão, com intervalos precisos entre elas. A gente acaba ficando por conta de ver se o pão já cresceu, se precisa misturar um pouco mais, etc. Mas, pelo menos no caso do ciabatta, o resultado valeu a pena.

Sopa de abóbora com carne-seca

Definitivamente, estamos na fase das sopas. Esta também é invenção minha, combinando dois ingredientes bastante comuns e afins. É fácil de fazer, mas um pouco mais trabalhosa, porque a carne-seca tem de ser desssalgada, cozida e desfiada. Pessoalmente, gosto de colocar um pouco de coentro fresco na hora de servir, mas sei que muitos aqui em SP não estou acostumados com esta erva. Tudo bem, podem usar salsinha.

Sopa de abóbora e carne-seca (6-8 pessoas)
Ingredientes:
  • Meia abóbora japonesa (aquela com casca verde e dura)
  • Batatas, 1/2 kg
  • Carne-seca, 1/2 kg
  • Cebolas cortadas em tirinhas, 4 médias
  • Caldo de carne, caseiro ou Nestlé Chef (linha profissional), 11/2 litros
  • Coentro ou salsa
  • Curry ou caril (opcional)
Modo de fazer:
  • Dessalgar a carne-seca, picá-la em cubos e cozinhá-la na pressão até desmanchar
  • Depois de fria, coar, reservar a água e desfiar a carne
  • Misturar a água com o caldo de carne e usar este líquido para ferver (pode ser na pressão) a abóbora e as batatas já descascadas e cortadas em cubos; antes de misturar a água com o caldo, porém, verifique quão salgada está, para não estragar o caldo
  • Quando a abóbora e as batatas tiverem desmanchado, bater até obter um creme; ajustar a cremosidade com um pouco mais de caldo, se necessário
  • Refogar a cebola até dourar e acrescentar a carne-seca desfiada, refogando tudo por alguns minutos
  • Misturar os ingredientes refogados com o creme batido e servir

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Receita para uma segunda-feira à noite

Parece que o alho-poró caiu no gosto dos brasileiros. Isso é uma boa coisa, pois sempre gostei dessa hortaliça, uma prima mais suave da cebola e do alho. Pessoalmente, acho que combina maravilhosamente com batatas. Ao contrário de outras coisas que andei postanto, a receita abaixo é minha mesmo. Como diria Antony Bourdain, é ridiculamente fácil de preparar e faz muito sucesso. Gosto da combinação da cremosidade das batatas, acentuada pelo azeite de oliva, com a textura do alho-poró refogado. Bônus: colesterol zero. Lembrete: as medidas são aproximadas, talvez seja preciso ajustar.

Creme de Batatas e Alho-Poró (6-8 pessoas)
Ingredientes:
  • Batatas, 1 kg (prefira as do tipo Mondial ou Monalisa, que desmancham)
  • Alho-poró, 3 a 5 talos, dependendo do tamanho
  • Azeite de oliva extra-virgem, ½ xícara, mais 1 colher de sopa
  • Caldo de galinha, caseiro ou Nestlé Chef (linha profissional), 1½ litros
  • Alho, 2 dentes
  • Sal e pimenta do reino branca
Modo de fazer:
  • Preparar ou aquecer o caldo de galinha
  • Descascar e picar as batatas em cubos, colocando-as para ferver no caldo de galinha (pode ser na pressão), junto com a ½ xícara do azeite, alho, sal e pimenta do reino branca
  • Ferver até as batatas desmancharem
  • Bater tudo em um processador ou liquidificador, até ficar cremoso; ajustar com um pouco mais de caldo, se necessário, para obter a consistência ideal
  • Cortar a parte mais branca do alho-poró em fatias finas
  • Refogar no restante do azeite
  • Misturar o alho-poró refogado com o creme de batatas
  • Servir

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Anchova Negra

Sábado passado, quando fui à feira, Taka, o meu peixeiro, me apresentou um pescado que não eu conhecia, anchova negra, segundo ele. Segundo o que descobri, é um peixe de águas profundas, do Pacífico. Apesar do nome, é um peixe de carne branca, grande, com alto teor de gordura, assim como o salmão. Havia um belo filé disponível, que daria um belo jantar. Curioso que sou para os assuntos culinários, prontamente mandei pesar e embrulhar a criatura. Segundo o Taka, pelo seu teor de gordura, o peixe era perfeito para grelhar ou assar. Foi o que eu fiz. Após deixar o peixe alguns minutos em limão, coloquei-o em um refratário, temperei com sal e um pouco de pimenta branca, e cobri-o com algumas folhas inteiras de sálvia fresca. Cerquei o filé com batatas fatiadas e cozidas, misturadas com alecrim fresco. Reguei tudo com azeite extra-virgem (aqui em casa temos um consumo absurdo deste azeite...) e coloquei no forno bem quente por uns 30 minutos. Ficou delicioso! O sabor do peixe foi valorizado pela simplicidade da receita. Ele se desmanchava na boca, cozido na medida ideal, sem estar seco ou encharcado demais. A simplicidade das batatas também complementou bem o pescado. Qualquer molho que eu tivesse preparado não faria jus a um peixe tão gostoso.