Tordesilhas
Sábado passado voltamos ao Tordesilhas. Já havíamos ido há bastante tempo, e fomos conferir o local após sua recente reforma. Lembro que da última vez que visitamos este restaurante, gostei bastante da comida, mas achei a disposição do espaço de fumantes e não fumantes pouco convidativa a aqueles que não têm o hábito do fumo. Enquanto os fumantes jantam no agradável pátio cercado de plantas, os não fumantes ficam restritos ao interior da casa, o qual em ambas as nossas visitas estava bastante quente. Pela lembrança que tenho da casa, a reforma não mudou muito o ambiente. E os não fumantes continuam relegados ao espaço menos privilegiado.
De qualquer forma, fomos bem recebidos e optamos por escolher apenas um prato principal cada, deixando de lado a entrada. A primeira vontade foi de provar um prato de peixe, mas como estávamos para ter peixe nos próximos dias, ficamos com as carnes. A Érica preferiu o Medalhão de Carne de Sol com Risoto de Pupunha e eu o Guisado de Carne Seca, acompanhado de pirão de mandioca e arroz de abobrinha. O medalhão é preparado a partir de um filé mignon salgado na própria casa. O garçom, atenciosamente, lembrou que a carne seria um pouco mais salgada que uma carne normal. Tudo bem.
Para aperitivo, provei uma das excelentes cachaças oferecidas pela casa, no meu caso uma mineira, de Salinas.
Os pratos vieram sem demora, com boa apresentação, principalmente o medalhão. O risoto estava muito saboroso, segunda a Érica (também achei), embora ela tenha achado que a carne estava com “gosto de geladeira”, como costuma falar. Sempre digo que o nosso problema são as expectativas e as referências anteriores. Neste caso em particular, do filé mignon salgado e seco, nossa referência era do Recanto do Picuí, em Recife, que certamente tem a melhor carne seca (ou de sertão) que já provei – e já provei muitas. A meu ver, o medalhão do Tordesilhas pecou em estar indeciso entre carne fresca (ou verde) e carne seca.
Já o meu guisado estava simples e saboroso, com o bom acompanhamento do arroz de abobrinha. Este último, na verdade, era apenas um arroz comum com lascas frescas de abobrinha. Mas o efeito foi bom. Eu talvez acrescentaria uma erva fresca, para dar um toque mais especial. Ao final da refeição, o garçom observou que o meu prato era surpreendentemente leve – é verdade.
Para sobremesa, a Érica achou uma que não provava há muito tempo, chamada Manezinho Araújo. Quando chegou a sobremesa, achei a apresentação excelente, muito bonita. Embora saborosa, a Érica achou que estava um pouco desequilibrada, com muito suspiro e pouca banana. A minha escolha foi um singelo mix de compotas, com queijo minas. Esta sobremesa também veio com uma apresentação muito delicada. Havia compota de goiaba (excelente!), mamão, kinkan, maracujá (feita com a casca da fruta – uma idéia que não gostei muito) e doce de leite, além do queijo, claro.
No geral, foi tudo bom, embora confesso que esperava mais, até pelo preço. O Tordesilhas certamente é um ótimo lugar para levar-se um visitante do exterior, onde este pode ter uma amostra bem feita da culinária brasileira. Contudo, apesar de saborosos, todos os pratos que provamos poderiam ter tido um toque melhor. Para um estrangeiro, isto não fará muita diferença. Para um brasileiro com mais vivência da nossa culinária, faz.
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