Érica e seu radar de sobremesas
Este caso aconteceu em nossa viagem para a Itália, a mesma da visita à Cucina da Oscar. Estávamos passeando pelo Lago de Garda, perto de Gardone Riviera, creio. Aproveitando os preços da baixa temporada, ficamos em um hotel particularmente agradável, à beira do lago. Depois que chegamos e fizemos nosso check-in, passeamos pelos arredores, para caminhar um pouco e ver a linda paisagem da região. Ao voltarmos, passamos por um hotel, ao lado do nosso, maior e mais elegante. Da rua, que corria ao lado do hotel, ouvia-se o burburinho da cozinha e sentia-se o delicioso aroma do jantar sendo preparado. Como era meu aniversário, achamos que um jantar no hotel bacana seria justificado. Fomos para o hotel, nos arrumamos e voltamos para jantar, ainda cedo pelos nossos padrões. Com sabem, gostamos de sair a noite limpinhos e cheirosos. Dentro do clima de comemoração, fui de paletó, com um linda gravata da Piazza di Spagna, Roma, que Érica havia me dado. Chegamos ao restaurante, nos apresentamos ao maitre, e olhamos em volta. A casa estava cheia, com algumas pessoas já se retirando. Foi quando o maitre disse que estavam para fechar (ainda não eram nem 9:00 horas!), mas daria tempo para jantarmos. Como na pequena cidade não havia alternativas (ainda mais arrumadinhos do jeito que estávamos), topamos. O maitre saiu em disparada para mostrar-nos a mesa. Corri atrás dele, arrastando a Érica. Mal reparei o que havia no caminho, com medo de me perder de vista o maitre e a oportunidade de jantar. Sentamos a mesa e jantamos. Rapidamente. Mal havíamos sentado à mesa, trouxeram o couvert, a entrada, o prato principal, que faziam parte do menu do dia. Não ousei perguntar se havia alguma coisa à la carte. Quando terminamos este último, já não havia quase ninguém, fora os garçons virando as cadeiras sobre as mesas. Ainda não eram 10:00 horas. Quando estávamos ainda terminando o prato principal, o maitre voltou e sugeriu um sortido de sobremesas. Temendo que não sobrasse nada, rapidamente respondi que sim. Voltei-me para a Érica, orgulhoso da minha presença de espírito e de ter assegurado a nossa sobremesa. "Você nem esperou eu perguntar se ainda havia aquela torta tal-e-tal!" fuzilou ela. "Como você sabe que existe a torta tal-e-tal?" perguntei, pasmo. "Eu vi quando chegamos, ora!" Pois bem, leitores. Eu não havia reparado, mas quando estávamos perseguindo o maitre rumo à nossa mesa, passamos pela mesa de sobremesas. Érica não apenas registrou esta informação, mas também gravou em sua mente todas as sobremesas dispostas na mesa, em uma passagem que durou apenas alguns segundos. Ela havia visto a torta tal-e-tal e tinha passado o jantar com vontade de prová-la. Os céus estavam do meu lado. No sortido de sobremesas que veio, rapidinho, estava inclusa a torta tal-e-tal. Nem ousamos pedir café, para não sermos jogados nas frias águas do Lago de Garda por uma enfurecida equipe de garçons que queriam ir para casa às 10:00 horas. O jantar, aliás, foi muito bom. Gostaria apenas de tê-lo desfrutado com um pouco mais de calma.
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