domingo, 7 de setembro de 2008

Pães, etc.

Enquanto minha avó paterna era viva, era ela que fazia os pães para toda a família, no forno a lenha que tinha em seu sítio. Era um pão encorpado e pesado, de pura farinha de trigo integral, que refletia bem o seu modo de vida alemão e de gente que vivia da terra. Era feito para alimentar quem trabalhava duro ao sol o dia inteiro. Nada de frescuras. Foi o que consumimos até ela se ir, e ambos deixaram saudades. Fora seus pães, não me lembro de outra especialidade sua, exceto um pastel cozinho típico da sua região na Alemanha, Baden-Wurttemberg, chamado Maultaschen. Acho que não tinha grande prazer em cozinhar, era mais uma de suas obrigações que ela cumpria sem reclamar. Da mesma forma, sei que minha mãe também não tinha prazer em cozinhar. Hoje tenho consciência que preparava as refeições gostosas e bem equilibradas para os filhos porque sabia da importância da boa alimentação (devo a ela meu gosto pelas frutas), mas era mais uma obrigação que um prazer. Por outro lado, ela gostava muito de fazer bolos e, depois que minha avó se foi, pães. Um bolo que ela fazia particularmente bem era um bolo de laranja ou limão, com uma cobertura de açúcar e limão. Era leve e delicioso, acompanhamento perfeito para o chá ou café da tarde, que ela nunca dispensou. Os seus pães eram diferentes dos feitos pela minha avó, mais leves e combinando farinha de trigo integral e normal. Não tinham grandes segredos, mas eram feitos com muito amor. Com essas lembranças, sempre me senti um pouco frustrado por não saber fazer pães ou bolos. Estabeleci, então, esta meta para este ano. Quanto aos bolos, após uma tentativa de pouco sucesso - não vou entrar neste assunto - consegui preparar um delicioso bolo (talvez torta) de maçãs com blueberries. A receita original, publicada no excelente livro de receitas da Magnolia Bakery (The Magnolia Bakery Cookbook: Old-Fashioned Recipes from New York's Sweetest Bakery, Jennifer Appel e Allysa Torey), pedia peras e framboesas. Como tínhamos excelentes maçãs e blueberries, foi isto que usei e ficou muito bom. Fiz uma segunda vez, com peras, e não ficou tão bom. Quanto aos pães, no Natal passado, a Érica me deu um maravilhoso livro sobre panificação, que mostra todas as técnicas e receitas para os mais variados pães. Umas semanas atrás, tomei coragem e assei meu primeiro pão, um ciabatta, seguindo à risca as instruções do autor. Apesar do trabalho (um sábado e um domingo por conta dessa operação), o resultado ficou muito bom, como podem ver pela foto. Fiquei felicíssimo de ter superado mais esta barreira. Meu próximo pão será algo como a minha avó fazia. Não o fiz ainda porque exige certa disponibilidade de tempo, assim como o ciabatta. Cada processo individual não demora muito, mas são necessárias várias etapas para fermentação do pão, com intervalos precisos entre elas. A gente acaba ficando por conta de ver se o pão já cresceu, se precisa misturar um pouco mais, etc. Mas, pelo menos no caso do ciabatta, o resultado valeu a pena.

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