domingo, 29 de outubro de 2006

Jantar de sábado

Ontem tivemos um jantar em casa. Estava com vontade de cozinhar e fazer algo novo, com todos os riscos inerentes à experimentação ;-). Acabou dando certo. Tivemos um bife chorizo ao molho de tomate fresco e manjerona, feijão rajado e vagens verdes com sálvia e orégano, e peras na calda de limão siciliano. Acompanhou tudo isto um excelente Chakana Malbec 2004, argentino. Optei pelo bife chorizo ao comprar a carne, para fugir do velho medalhão de filé. A Érica, contudo, achou que embora o chorizo fosse, de fato, muito mais saboroso que o filé mignon, continha muitas fibras e gorduras. Em restaurantes argentinos e chilenos o bife chorizo costuma ser mais limpo. Talvez tenha sido apenas estes bifes comprados no Pão-de-Açúcar que tenham sido tão fibrosos. Um outra opção é o miolo de alcatra, que já provei outras vezes e gostei muito. O feijão rajado foi inspiração tida na feira, no próprio sábado. Na barraca onde costumo comprar os tomates cereja e perinha havia este interessante feijão. O feirante contou que era novo, tenro e muito bom em saladas. Pronto! Foi incluído no cardápio. Depois que terminei de comer a sobremesa, ocorreu-me que poderia ter acrescentado erva cidreira. Vai aí a sugestão. Próxima vez vou inclui-la. Seguem as receitas abaixo. Dentro da tradição do blog, uma tem quantidades e as outras duas, não.

Filé com molho de tomate fresco e manjerona

(duas pessoas)

Ingredientes:

- Dois filés de carne (medalhões, miolo de alcatra ou bife chorizo)

- Purê de tomate fresco, uma xícara (ver receita abaixo)

- Alho, fatiado finamente, 2 dentes pequenos

- Cebolinha, fatiada finamente e dividida entre a parte branca e verde

- Azeite de oliva, 6 colheres de sopa

- Manjerona ou tomilho, frescos

- Vinho tinto, 2 colheres de sopa

- Sal e pimenta do reino, a gosto

Modo de fazer:

- Temperar a carne com duas colheres de sopa, sal e pimenta, reservar.

- Aquecer em fogo médio-alto uma frigideira pesada, de preferência de ferro fundido, colocar duas colheres de azeite e fritar os filés até ficarem ao ponto.

- Retirar os filés e reservar.

- Colocar o restante do aceite, alho e cebolinha branca.

- Refogar rapidamente, sem deixar queimar.

- Acrescentar o vinho e reduzir.

- Acrescentar purê de tomate e mexer sem parar, brevemente, para manter o gosto de tomate fresco.

- Temperar com sal e pimenta.

- Acrescentar a manjerona ou tomilho e desligar.

- Servir os filés no prato, cobertos com o molho.

- Servir com feijão rajado com vagens verdes (ver receita).

Purê de tomate fresco

Escolha tomates bem maduros, porém firmes, de preferência do tipo italiano, que são menos ácidos. Tire a pele e as sementes. Bata no processador, rapidamente. Se bater demais, ficará sem graça, líquido. O ideal é que tenha certa consistência.

***

Feijão rajado e vagens verdes

(acompanhamento quente ou frio)

Ingredientes:

- Feijão rajado, bem fresco e tenro

- Vagens verdes, aproximadamente a mesma quantidade do feijão

- Azeite de oliva

- Sálvia e orégano, frescos

- Sal e pimenta do reino, a gosto

Modo de fazer:

- Cozinhe o feijão rajado em água com sal até ficar macio, sem desmachar; reserve.

- Limpe e pique as vagens para que fiquem do tamanho aproximado do feijão.

- Refoge as vagens no azeite de oliva.

- Quando estiverem cozidas porém ainda crocantes, acrescente o feijão e misture.

- Acrescente a sálvio e o orégano picados levemente, sem talos, misturando.

- Sirva quente ou frio.

***

Peras na calda de limão siliciano

Ingredientes:

- Peras, de preferência Williams ou outra que esteja na estação. É essencial que estejam bem maduras, porém firmes.

- Açúcar

- Limão siciliano e cascas de limão siciliano

- Erva cidreira (opcional)

- Cravo e canela em pau

- Liquor Limoncello

- Água, o suficiente para cobrir as frutas

Modo de fazer:

- Descascar as peras inteiras e colocar em uma água com sumo de limão, para não oxidarem; preserve o cabo na fruta.

- Coloque as frutas descascadas em uma panela de tamanho adequado para que todas as peras possam ficar lado-a-lado, porém sem muito espaço sobrando.

- Acrescentar água até cobrir as peras.

- Acrescente as cascas de limão siciliano (deve haver uma lasca para cada pera, aproximadamente; se houver pouca casca de limão, a calda ficará sem graça, se houver muita, ficará amarga).

- Acrescente a erva cidreira, o cravo e a canela.

- Cozinhar as peras até ficarem tenras, aproximadamente uns 20 minutos.

- Retire as frutas, reservando-as, e reduza a calda com o restante dos ingredientes.

- Quase ao final, acrescente o Limoncello e deixe reduzir até obter uma calda mais grossa.

- Despejar a calda sobre as frutas, resfriar e servir.

- Servir com sorvete.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tão bom quanto são esses jantares é o processo que o antecede. É delicioso ver o Rainer planejar suas estratégias culinárias. Muitas vezes, tudo isto começa com um outro jantar; uma idéia de sabores que parecem combinar... Às vezes, surge de leitura de alguma receita que, naturalmente, nunca será reproduzida à risca.

É delicioso – tanto quanto o jantar – ver o Rainer ir à feira (de preferência sozinho) e voltar todo feliz com os ingredientes que ele descobriu para implementar seus planos. E mais planos: a entrada, a sobremesa – que, antes, deixada por minha conta, estão cada vez melhores nas mãos dele –, o vinho... Ah, o vinho... este, muitas vezes, é quem dá o início dos planos: se tem um vinho tal, então vamos pensar com o que ele irá casar... Deveria ser o contrário? Depende de quanto se goste de vinho...

Esses jantares são cerimônias que merecem uma mesa bem posta, velas e música (há uma música pra cada prato, não faz sentido?) Isto, normalmente, tenho o prazer solicitada para providenciar. Os pratos já vêm da cozinha prontos (e, claro, previamente aquecidos): esteticamente impecáveis (o Rainer é capaz de compor seu prato, em um restaurante por quilo, de forma a equilibrar perfeitamente cores, formas e texturas!)

Jantar é só o coroamento deste processo que, só é vivido assim porque é feito em casa. Em nenhum restaurante, por mais estrela que ele tenha, não se tem a percepção tão ampla do ato de apreciar uma boa comida.

Hoje, mesmo, tem um bacalhau dessalgando na geladeira. Não perco por esperar até mais tarde...

Um beijo,
Érica